quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Megaman 9

Lembro até hoje de como entrei em contato com Megaman: eu tinha mais ou menos 6 anos, minha mãe havia comprado uma fita de nintendinho (embora meu console fosse um "Super Charge", sendo que nunca conhecí alguém que tivesse um) no Norte Shopping para mim, mas ela veio estragada. Fui com ela para trocar, e na hora da troca escolhí uma fita que era mais cara que a defeituosa, então minha mãe falou "essa não pode filho, escolhe outra". Então pedí para o balconista me mostrar as fitas "que podiam", e quando ví a do Megaman, perguntei "essa é de que?",e ao ouvir a resposta "é de um robozinho azul", a palavra "robozinho" ecoou na minha infante cabeça e escolhi a fita. Uma das escolhas mais felizes da minha vida, devo dizer. Daí pra frente foi só alegria jogando o joguinho. Lembro também da primeira vez que matei os 8 chefes: eu estava em Trajano, com cachumba, e quando matei o último chefe começei a pular e gritar "Zerei, zerei"; nisso, meu pai desesperado grita da sala "para de pular senão a cachumba desce!". Mas minha alegria foi em vão, pois logo apareceu a imagem do Dr. Willy na tela, e eu tinha mais um estágio a vencer, no mínimo. Nunca cheguei a zerar o jogo, sempre morria no sub-chefe da fase do Dr. Willy, um mostro que se dividia em partes e ficava passando de um lado para o outro da tela.
Recentemente, em minhas andanças pela internet, descobrí que vão lançar o Megaman 9, para o Nintendo Wii. A grande questão é que o jogo será lançado com gráficos e áudio de 8 bits! Isso é p-e-r-f-e-i-t-o, e juro que não é saudosismo. Sem dúvidas foi um dos melhores jogos da minha vida, acredito até que o primeiro sidescrooling no qual você não matava os inimigos pulando sobre eles. Mas essa escolha da Capcom está causando um bafafá nos sites especializados e mesmo em alguns não-especializados (como meu blog). Isso, para mim, é puro hightechnismo ou ignorância aplicada. Queria, então, comentar sobre algumas coisas ditas nesses sites, dando a minha opinião sobre o assunto.

"A iniciativa é, no mínimo, interessante, mas não me faria ter mais vontade de jogar Mega Man 9. Deve soar bem aos fãs mais puristas. Talvez a Inti Creates pudesse fazer como acontece com alguns clássicos do Xbox Live Arcade, oferecendo a opção de ter uma “roupagem nova”, mas mantendo o visual clássico" – Théo Azevedo, do UOL Jogos

Não acredito, realmente, que a intenção da Capcom foi fazer um jogo vendável - não que eu acredite em empresas que pensam nos fãs como pessoas e não como consumidores, mas é uma afirmação ingênua dizer que a Capcom achou que um jogo de 8 bits hoje em dia seria amplamente vendido; tanto que o jogo vai ser disponibilizado pelo Wiiware, ou seja, digitalmente. Acho que a preocupação foi fazer um jogo bom, certamente acreditando que um jogo bom vende. Mas não faria sentido lançar um jogo para um console como o Wii, que tem como atrativo o seu sistema de detecção de movimentos do joystick, usando apenas o direcional e dois botões.

"Mas sei lá, essa escolha de gráficos me parece um atalho sem-vergonha. Sinceridade, o game parece ter sido feito, a julgar pelas primeiras telas, por programadores amadores. Espero de verdade estar enganado, mas parece que a Capcom errou a mão na nostalgia" – Jocelyn Auricchio, repórter do Link, do jornal Estadão

Esse é outro argumento de quem se acha entendidão. Dizer que é preguiça ou incompetência fazer um jogo em 8 bits é de uma falta de imaginação e reflexão sem limites. Acho exatamenteo contrário, pois em uma época em que a forma é tudo, acho que a aposta de Megaman 9 é no conteúdo, e quem jogou Megaman 1 sabe do que eu estou falando, pois os desafios do jogo eram o que realmente interessavam.

Só acho que funcionaria melhor se fosse no DS do que portá-la para a WiiWare, uma vez que os novos jogadores simplesmente acharão um título aquém da qualidade de hoje.” – Ricardo “Shaaman” Farah, editor da revista EGM Brasil

O problema, comoeu disse acima, é que os jogadores de hoje,ou melhor, a maioria deles e delas, acha que qualidade se resume em efeitos de transparência, CG e sombras nos locais certos. Isso, para mim, não é gostar de jogar, mas gostar de ver algo bonito - nada de errado com isso, fique claro. Mas eu, certamente, não sou um apreciador de jogos, mas sim um jogador.

"Mega Man 9 não é nostalgia. É puro retrocesso. Não se justifica lançar um jogo com visual e áudio 8-bits em pleno 2008 como uma verdadeira seqüência. Os games eram feitos daquele jeito na década de 1980 por limitação técnica, não porque a Capcom queria. Não vejo sentido em retomar os gráficos daquela época, ignorando o progresso conquistado no MM7 e 8. O título que vão lançar no WiiWare tem cara de um mero extra do que deveria ser o Mega Man 9 da atual geração, algo no nível do Mega Man Powered Up (melhor sem o cabeção, mas me refiro ao apuro técnico e à perspectiva 2D). Fiquei imensamente decepcionado" – Alexei Barros, blogueiro do Hadouken

Outro problema que acompanha o raciocínio dos dois comentários anteriores: seqüência de jogos = melhoria gráfica. O Nintendo64 não é uma merda nem por limitações técnicas nem porque a nintendo queria - ele foi uma aposta, mal feita na minha opinião; da mesma forma que o Megaman é azul porque a Capcom quis e não por qualquer incompatibilidade de cores. Optar por gráficos e áudio de 8 bits, na minha opinião, é apostar na qualidade do conteúdo; pelo que lí (infelizmente ainda não joguei),a jogabilidade será a mesma do Megaman 1, um dos atrativos do jogo, que cria dificuldades no começo e facilidades quando você se acostuma, como a coisa de dar "toquinhos" no direcional para cair no bloco certo, ou o tempo exato de entrar numa tela na altura certa para matar o inimigo chato. E acho que a feitura do jogo em 8 bits conta com a vantagem de mais memória, o que pode (e não sei se vai) significar um jogo maior, com mais desafios e mais tempo de jogo. Já estou pensando nos speedruns que vão aparecer...

Isso é o principale o que posso dizer/escrever até agora - para maiores informações, só depois de jogar!

Um comentário:

Anônimo disse...

Se a inteção da Capcom for fazer um contra-ponto a esta atual concepção de que quanto melhor a parte grafica, melhor o jogo, acho que é uma boa iniciativa. Particularmente já estou saturado de ver jogos extremamente pesados, lindos é verdade, mas que exigem cada vez mais do hardware para serem rodado sem que com isto vc de fato tenha o mais importante, diversão. Passado o encantamento com a nova engime grafica 80% do que era interessante nestes jogos (com algumas exceções é verdade)acaba. Espero que a Capcom consiga fazer um bom jogo, até porque pode estar em jogo justamente a quebra deste atual paradigma (jogo para ser bom tem que ser moderno, lindo/pesado). Se a Capcom falhar muitos dirão que o jogo foi ruim porque não utilizou dos recursos modernos que dispunha e esta concepção pode infelizmente ganhar ainda mais força. Se por outro lado for bem sucedido, creio que é uma esperança para a partir de agora em primeiro lugar quando um jogo estiver sendo produzido não esteja a parte gráfica e sim a criatividade, o esforço verdadeiro para se produzir um jogo criativo, divertido, inteligente e não apenas belodo ponto de vista gráfico. Claro se as duas coisas puderem ser unidas melhor ainda. Mas acredito que neste caso a capcom de fato quer mostrar que o que de fato faz um jogo bom são outros fatores mencionados e não a parte grafica